sexta-feira, 30 de maio de 2008

Hora de chegada

Está tudo a decorrer com normalidade, hora prevista de chegada 23:15.

Diário da visita VI


Estamos de regresso. O dia correu muito bem. Estão todos animados e bem dispostos. O tempo é que foi pouco para tanto interesse e curiosidade. Valeu a pena percorrer estes quilómetros que nos separam de casa.

Diário da visita V







Os golfinhos. Certamente os preferidos deste dia.

Diário da visita IV







Almoço: massa e da boa.

Diário da visita III




E o regresso a Lisboa. Não foi possível pescar na viagem. Que chatice. E agora o que vamos almoçar?

Diário da visita II


Partida para a margem sul.

Diário da visita I


Começou uma viagem que se espera muito agradável e com momentos para recordar. Já dissemos adeus ao Porto. Sem primeiro cantaram umas dez vezes os "Filhos do dr... arghh".

Até já.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Dia do livro

Para a comemoração do dia do livro tivemos um mimo muito especial.
Miguel Gomes, um escritor de Cête, idealizou e escreveu uma história a pensar em nós e no dia do livro.
Ficámos muito orgulhosos.
Aqui fica a história para todos verem como é muito bonita, com uma mensagem muito importante sobre a leitura.

Desenho de Carlos Alexandre

Um sonho li(n)do

“Ouço choramingar.
Do meio de uns troncos velhos, cortados, chega até aos meus ouvidos um choro baixinho.
Vou até lá.
Sentado num velho pedaço de madeira, um pequeno ser olha para mim.
Tem olhos grandes e mãos pequenas.
Funga duas vezes, limpa as lágrimas e torna a fungar duas vezes.
Ajoelho-me até a minha cabeça ficar ao nível da pequena cabeça dele.
Tem um olhar meigo, ternurento, com olhos de todas as cores do arco-íris. Pouso a mão no ombro dele e pergunto:

- O que tens? Porque choras?

Olha para mim, com os olhos marejados.
Não me responde.
Coloca a sua pequena mão nos meus olhos e fecha-mos.
Agora, de olhos fechados, consigo ouvi-lo, dentro de mim, com uma voz que me aquece como um quente copo de leite com chocolate.

- Já não há desenhos no céu…

Ouço-o fungar.
Não compreendo e abro os olhos.
A mão pequena toca-me no queixo e levanta-me a cabeça para eu olhar para o céu.
Compreendo agora.
As nuvens estão muito sérias, correm com o vento, sem desenharem no céu, parecem gente grande com as suas correrias e caras fechadas, sem sorrisos.
Olho novamente para ele, nunca vi um olhar tão belo, cheio de paz.
Fungou mais duas vezes e umas pequenas lágrimas caíram rolando pela cara.

- O que são os desenhos?

Fez-me sinal para fechar os olhos.
Fechei-os.

- Os desenhos que vês no céu, com as nuvens, somos nós que os fazemos, mas agora não chegamos às nuvens.

Abro os olhos.

- Mas fazem como? O que és tu?

E fecho os olhos.

- Antes as crianças liam muito, brincavam muito umas com as outras, inventavam histórias. E quando cada criança imagina, todas as cores do arco-íris constroem uma grande escada, que vai do seu coração até ao céu, Quando a escada chega ao céu, eu e outros como eu subimos a escada com a nossa mala de ferramentas e começamos a fazer desenhos nas nuvens. Elas gostam, riem-se, dizem que fazemos cócegas enquanto aparamos aqui e além, para fazer cada desenho.

Não estava a compreender, mas estava a gostar de o ouvir falar.
Bem, eu não ouvia nem ele falava. Ele tinha uma espécie de voz que falava dentro de mim.
Abro os olhos.

- Mas, não entendo… Que desenhos são esses? Quem são vocês?

E fecho os olhos novamente.

- Somos…
(é mesmo bom ouvir de olhos fechados)
aquilo a que vocês chamam de Sonhos. De cada vez que uma criança ou alguém imagina, nós avançamos, subimos os degraus de arco-íris e vamos até uma nuvem. Depois fazemos um desenho numa nuvem, pode ser um gato, um cão, uma flor ou outra coisa qualquer. Quando o desenho está feito fica a pertencer àquela criança ou adulto, mais ninguém vê o mesmo desenho na mesma nuvem, é só para ele ou para ela. O vento leva a nuvem e baralha o desenho, para que não seja copiado. O Sol faz então um pequeno desenho dentro do peito da criança e esse desenho nunca desaparece, mesmo quando a pessoa se esquece, o desenho está sempre lá! Um dia mais tarde, quando o vento for favorável, vai trazer novamente o desenho numa nuvem e quando a pessoa vir o desenho numa nuvem, vai brilhar um Sol dentro dela e ela vai lembrar-se.
- Lembrar-se de quê?

Pergunto de olhos fechados e só então me apercebo que estou a falar a língua dos sonhos.

- Lembra-se do sonho, de mim, vai olhar para o mundo com as cores dos meus olhos e se tentar agarrar-me pela mão e prender-me não vai conseguir, porque eu tenho mãos pequenas, que se escapam, para que ninguém queira os sonhos só para si. Os sonhos são de um para todos.

Eu ri-me baixinho, para dentro e para fora. Comecei a imaginar-me num grande campo, com animais, plantas e pessoas, de mãos dados, a fazer o que estou a fazer agora: a rir para dentro e para fora.
Abri os olhos.
Quem fungou agora fui eu.
Estava sozinho.
Olhei para o céu e vi o pequeno sonho, sentado numa nuvem a sorrir.
Falou comigo e disse, na voz dos sonhos que se ouvem de olhos abertos.

- Obrigado! Levaste ao céu o teu sonho!

E um Sol aqueceu-me dentro do peito e escreveu, com os seus pequenos raios, um poema, cujas letras dançavam de mãos dadas, ao redor de mim.

Cresce, sonha, pula e dá-me a mão,
a cor dos teus olhos é Inverno e Verão!

Vive e ama, sempre a cada dia,
Para que nasça nos teus olhos a alegria.

E se alguém te prender sob um vidro
procura o teu sonho neste teu amigo, Livro!”